Algumas pessoas afirmam que Deus é um poder ou força impessoal e não é pessoal. Paul Tillich, que lecionou no Union Theological Seminary (Nova York), em Harvard e na Universidade de Chicago e que foi considerado um dos mais importantes teólogos da América do século XX, tinha essa opinião. 1 O Dr. Tillich afirmou que Deus é a base ou fonte impessoal de todo ser, e não um ser existente. 2
Esta visão entra em conflito com a visão bíblica da triunidade de Deus. O Antigo e o Novo Testamento implicam que uma pluralidade de três pessoas distintas, iguais em personalidade e natureza, existe dentro do único Deus.
Uma coisa, porém, é afirmar que as três entidades que existem dentro do único Deus são pessoas. Outra coisa é demonstrá -lo. Este artigo examinará a base bíblica para concluir que eles são de fato seres pessoais.
Deus, o Pai, é uma Pessoa: O Pai possui atributos de intelecto de personalidade. As Escrituras afirmam que o Pai possui conhecimento ( Mateus 6: 8 ; 24: 36 ), presciência ( 1 Pedro 1: 2 ) e sabedoria ( Romanos 16: 27 ). Eles revelam Sua capacidade de usar a linguagem para comunicar pensamentos inteligentes a outros seres pessoais. Por exemplo, em duas ocasiões (batismo e transfiguração de Cristo) o Pai falou audivelmente do céu às pessoas na Terra: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” ( Mt. 3:17 ; 17:5 ; cf. 2 Ped. 1:17 ). A capacidade de fazer tais coisas requer o tipo de intelecto que pertence aos seres pessoais.
Emoções. A palavra traduzida como “satisfeito” significa “deleite-se”. 3 O Pai teve grande prazer em Jesus Cristo, Seu Filho.
As Escrituras revelam que o Pai ama a Seu Filho ( phileo , Jo 5:20 ; agapao , Jo 10:17 ). Embora o amor não se limite à emoção, o amor de um pai pelo filho geralmente envolve emoção.
A Bíblia declara que a ira de Deus Pai permanece sobre aqueles que não acreditam em Seu Filho ( Jo 3.35-36 ). A ira envolve emoções fortes.
Assim, Deus, o Pai, experimenta os tipos de emoções características dos seres pessoais.
As Escrituras significam que o Pai tem uma vontade. Numa oração que Jesus ensinou, Ele orou: “Pai nosso, que estás nos céus, (…) . . Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” ( Mateus 6:9-10 ). Jesus ensinou que somente aqueles que fazem a vontade do Pai entrarão no Reino dos céus ( Mt 7.21 ). Ele também declarou que buscava a vontade do Pai que o enviou ( Jo 5:30 ).
O apóstolo Paulo indicou que o Pai faz as coisas “segundo o beneplácito de sua vontade” ( Efésios 1:5 ) e referiu-se ao mistério da vontade do Pai ( Efésios 1:9 ). Tiago afirmou que o Pai gerou filhos espirituais com base em sua própria vontade ( Tg 1: 17-18 ).
O Pai Realiza Ações de Personalidade: A Bíblia indica que Deus, o Pai, realiza muitas ações de personalidade. Ele vê o que as pessoas fazem em segredo ( Mt. 6:4 ), perdoa ( Mt. 6:14 ), dá coisas boas ( Mt. 7:11 ), revela a verdade ( Mt. 16:17 ), mostra misericórdia ( Lc. 6:36 ), designou um reino para Jesus Cristo ( Lucas 22:29 ), faz promessas ( Atos 1:4 ; 2:33 ), amou tanto o mundo que enviou Seu Filho do céu para proporcionar vida eterna ( João .3:16 ), busca pessoas para adorá-lo ( João 4:23 ), realiza obras ( João 5:17 ), ama Seu Filho e lhe mostra coisas ( João 5:20 ), cometeu julgamento a Seu Filho ( João 5:20). Jo 5:22 ), deu a Seu Filho as obras para terminar ( Jo 5:36 ; 10:32 ), deu testemunho a respeito de Seu Filho ( Jo 5:37 ; 8:18 ), ensinou a Seu Filho o que falar ao mundo ( Jo 8.26-28 ), honra Seu Filho ( Jo 8.54 ) e ordenou que Seu Filho fizesse certas coisas ( Jo 10.17-18 ; 12.49-50 ).
Ele também ouve as pessoas que falam com Ele ( Jo 11.41-42 ), honra as pessoas que servem a Seu Filho ( Jo 12.26 ), ama as pessoas que amam Seu Filho ( Jo 14.21 , 23 ), envia o O Espírito Santo ( Jo 14.16-17 , 26 ), dá graça e paz às pessoas ( Rm 1.7 ), ressuscitou Jesus Cristo corporalmente dentre os mortos e assim declarou ao mundo que Jesus é Seu Filho (Rm 1. :3-4 ; Gl 1:1), abençoa os crentes em Seu Filho com bênçãos espirituais ( Ef 1:3 ), pode dirigir o caminho de um crente ( 1Ts 3:11 ), dá todo dom bom e perfeito ( Tg 3:11). .1Pe 1.17 ) e julga o trabalho das pessoas ( 1Pe 1.17 ).
Ele também enviou Seu Filho para ser o Salvador do mundo ( 1Jo 4.14 ), deu o testemunho de que providenciou a vida eterna para os seres humanos e que esta vida é encontrada em Seu Filho ( 1Jo 5.11). –12 ), ordenou aos crentes que vivessem suas vidas em conformidade com a verdade ( 2Jo 4 ), e deu ao Seu Filho autoridade para governar as nações com vara de ferro e quebrá-las como um vaso de cerâmica ( Ap 2:27 ). .
O Pai Tem Possessões: A Bíblia significa que Deus, o Pai, possui um nome ( Mt. 6:9 ), um reino ( Mt. 13:43 ), filhos e herdeiros espirituais ( Rm. 8:15-17 ) e um trono (Rm. 8:15-17). Apocalipse 3:21 ). Nomes, reinos, filhos, herdeiros e tronos são os tipos de itens que os seres pessoais possuem.
Deus, o Filho, é uma Pessoa: É óbvio que, uma vez que o Filho de Deus encarnou através da concepção e do nascimento, Ele existiu na Terra como um ser humano e pessoal. Mas será que a Bíblia indica que Ele era um ser pessoal divino antes daquela encarnação?
O Filho Pré-encarnado Possuía Atributos de Intelecto de Personalidade. Várias verdades em Filipenses 2:5–6 revelam que o Filho de Deus possuía intelecto antes de Sua encarnação. Primeiro, o apóstolo Paulo ordenou aos cristãos que tivessem a mesma atitude mental que o Filho de Deus tinha antes da Sua encarnação (v. 5). Segundo, Paulo indicou que o Filho era igual a Deus Pai antes de Sua encarnação (v. 6). A palavra traduzida como “igual” significa “igualdade de dignidade, vontade e natureza. . . que é essencial e perfeito.” 4 A igualdade na natureza exigia que o Filho tivesse os mesmos atributos que o Pai, incluindo os atributos da personalidade — intelecto, emoções e vontade. Terceiro, Paulo declarou que o Filho “considerou que não era roubo ser igual a Deus” (v. 6). A palavra traduzida como “pensamento” significa “considerar”. 5 Indica que o Filho fez considerações mentais antes de Sua encarnação.
A terminologia do texto grego de Filipenses 2:6-7 significa que o Filho pré-encarnado não considerava a Sua igualdade com o Pai, com a sua aparência exterior de divindade e privilégios especiais disponíveis, como algo para usar em Seu benefício pessoal. Assim, quando Ele deixou o céu para entrar no mundo através da encarnação, Ele esvaziou-se da aparência externa de Sua divindade e assumiu a aparência externa de um escravo. A linguagem implica fortemente a submissão voluntária do Filho a uma transição de auto sacrifício sem paralelo. Certamente tal submissão exigia Seu prévio exercício determinativo de vontade.
Da mesma forma, Hebreus 2:14–17 significa que o próprio Filho encarnou em carne humana com o propósito determinado de realizar certos benefícios para os seres humanos. Esta ação novamente implica o exercício prévio de Sua vontade por parte do Filho.
A declaração do Filho: “Porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” ( Jo 6:38 ) indica que o Filho tinha a sua própria vontade antes de vir do céu. Também revela que antes de Sua encarnação, o Filho decidiu voluntariamente submeter Sua vontade à do Pai.
O Filho Pré-encarnado Fez Aparições Pessoais: Um ser pessoal único, o anjo do Senhor, apareceu a Hagar ( Gên. 16:7-13 ; 21:17-18 ), Abraão ( Gên. 22:11-18 ), Jacó ( Gên. . –24 ) e os pais de Sansão ( Jz 13.1-23 ). Ele conversou com essas pessoas; fez promessas; e deu ordens, bênçãos, repreensões, comissões, instruções e informações – ações de um ser pessoal.
Os relatos bíblicos dessas aparições identificam o anjo do Senhor como um ser divino, “o SENHOR” (Jeová, Êxodo 3:4 , 7 ; 4:2 , 4 , 6 , 11 , 14 ) e “Deus” ( Elohim , Êxodo 3 : 4 , 6 , 11 , 13–16 ; (A palavra anjo significa “mensageiro” e às vezes refere-se a seres não-angélicos.) Este ser chamou a si mesmo de “EU SOU” ( Ex. 3:14 ) e disse: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” ( Êx 3.6 ).
Este ser divino foi visto pelas pessoas nos tempos do Antigo Testamento. Mas as Escrituras declaram: “Ninguém jamais viu a Deus” ( Jo 1:18 ; 1 Jo 4:12 ). (O contexto destas passagens indica que a referência é a Deus, o Pai, e não ao Filho.) Este contraste leva à conclusão de que o anjo do Senhor que apareceu nos tempos do Antigo Testamento era um ser divino distinto de Deus, o Pai.
Vários fatos também indicam que o anjo do Senhor é Jesus Cristo. Primeiro, ambos afirmaram ser o “EU SOU” ( Exo. 3: 14 ; Jo. 8: 58 ). Segundo, o anjo do Senhor disse que seu nome era “Maravilhoso” (o significado da palavra hebraica traduzida como “secreto”, Jud. 13:18 ). Isaías 9:6 atribuiu o nome “Maravilhoso” ao Messias, o Filho que Deus daria. Terceiro, o anjo do Senhor acompanhou Israel em seu êxodo do Egito para Canaã ( Exo. 14: 19-20 ; Jud. 2: 1 ). Primeira Coríntios 10:1–9 afirma que Cristo acompanhou Israel naquela jornada.
A identificação do anjo do Senhor com Jesus Cristo, juntamente com o testemunho audível do Pai de que Jesus Cristo era Seu Filho, leva à conclusão de que o anjo do Senhor que apareceu nos tempos do Antigo Testamento era o Filho de Deus e que o Filho, portanto, era um ser pessoal antes de Sua encarnação.
Deus, o Espírito, é uma Pessoa: O Espírito possui atributos de intelecto de personalidade. A Bíblia significa que o Espírito tem sabedoria, entendimento e conhecimento ( Is 11.2 ), que Ele conhece e sonda as coisas de Deus ( 1Co 2.10-11 ) e possui uma mente ( Rm 8.27). ).
Emoções. O Espírito pode entristecer-se ( Efésios 4:30 ) e é capaz de amar ( Romanos 15:30 ).
O Espírito distribui dons espirituais segundo a Sua vontade ( 1Co 12.11 ). Ele exerceu Sua vontade sobre a vontade de Paulo e seus companheiros ( Atos 16:6–7 ).
O Espírito Realiza Ações de Personalidade: O Espírito ensina ( Jo 14:26 ; 1Co 2:13 ), dá testemunho ( Jo 15:26 ; Rom 8:16 ), lidera ( Rm 8:14 ), reprova ( João 16.7-8 ), ordena e orienta ( Atos 8.29 ), envia ( Atos 10.19-20 ), chama para serviço ( Atos 13.2 , 4 ), ajuda pessoas necessitadas ( Romanos 8). :26 ) e ora ( Romanos 8:26-27 ).
O Espírito Recebe Ações da Personalidade: O Espírito pode ser obedecido ( Atos 10:19-21 ), mentir ( Atos 5:3 ), resistir ( Atos 7:51 ), entristecer-se ( Efésios 4:30 ), blasfemar ( Mt. 12.31 ) e insultado ( Hb 10.29 ).
A imagem de Deus no homem: O fato de que o Deus trino criou o homem à imagem de Deus (“Façamos o homem à nossa imagem”, Gn 1.26 ) e tornou o homem pessoal implica fortemente que o Deus trino é pessoal, consistindo de três pessoas.
Tradução: Ruan Campos
NOTAS FINAIS
William E. Hordern, A Layman’s Guide to Protestant Theology, rev. ed., Macmillan, New York, 1972, p. 170.
, pp. 182, 184
William F. Arndt and F. Wilbur Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament, 4th rev. ed., University of Chicago Press, Chicago, 1957, p. 319.
Gustav Stahlin, “isos,” Theological Dictionary of the New Testament, Eerdmans, Grand Rapids, 1965, Vol. III, p.353.
Arndt and Gingrich, p. 344.